Sérgio Moro e a Reunião Ministerial
No dia 22 de abril, na fatídica reunião de Bolsonaro e seus Ministros, pudemos ver a verdadeira face de um governo fascista e autoritário, que desrespeita a democracia, os bons costumes, a boa educação e que conseguiu se cercar de pessoas como ele, onde a os exemplos falam mais que palavras, e ministros parecem simples marionetes de um presidente insano e sem condições morais de governar um país como o Brasil.
Acredito que país nenhum no mundo tenha um governante com tantos maus exemplos a ensinar. Uma reunião que não poderá ser passada em escolas, porque o conteúdo é impróprio para menores. Uma pessoa vulgar, sem escrúpulos, despreparada, cercado de verdadeiros facínoras, onde pregar a prisão do supremo, venda de patrimônio nacional e mudar leis ambientais para privilegiar alguns poucos se tornou o mote da reunião e onde não houve discussão adulta sobre o combate a pandemia que batia à porta, com mais de 3000 mortes naquele momento.
O que há de dizer Damares dessa reunião? Não houve de sua parte nenhuma referência e como pode então falar bem de um governo, de um presidente que em suas falas, pouco se importou com a presença de uma mulher sentada à mesa, não que os homens ali merecessem tal linguajar, mas é perceptível o desrespeito e a falta de decoro.
Um presidente que parece não se importar com as conseqüências de suas palavras ou dá impressão de não saber se comportar como uma pessoa educada, que tenha conhecimento de um vocabulário composto de palavras capazes de atingir o coração das pessoas de bem, que queiram o bem. Um presidente que entende que seu tempo é passageiro e quer fazer o máximo de mudanças a seu favor e a favor dos seus, buscando os seus interesses, de sua família, onde o Brasil na verdade é o que menos importa. Um presidente que demonstra poder, mas que tem uma liderança frágil, que aos poucos vai-se diminuindo, em virtude de suas ações e palavras.
Mas voltando ao assunto principal: Sérgio Moro
Sérgio Moro não se sentiu ameaçado nessa reunião, mas esperava esse estopim que para alcançar seus verdadeiros objetivos. O “paladino da justiça”, como muitos o vêem, fez acusações ao presidente nessa reunião dizendo que queria interferir na policia federal, o que pela exibição do vídeo não fica evidenciado, já que o presidente não usa as palavras “polícia federal” em sua fala, mas “sua segurança”. E por isso Moro também é investigado por calúnia.
Sérgio Moro usou dos mesmos mecanismos para acusar Bolsonaro que usou para condenar Lula, seu sentimento, mas nenhuma evidência real. Os objetivos de Moro são outros, não é o bem da Nação, não é a Manutenção do Estado de Direito, mas a sua ascensão política, exibindo para isso um presidente equivocado e despreparado em busca de se firmar na sociedade como uma opção futura.
Moro mostrou a face desse desgoverno para ascender e para isso buscou o caminho mais curto, ou que seria mais fácil de justificar sua saída tendo alcançado seu objetivo de ser referência ao mesmo tempo que se torna opção, e insisto, não pelo bem do Brasil, mas para si.
E porque digo isso?
Havia nessa reunião muitas evidencias de crimes. O fato do ministro da educação pedir a prisão dos integrantes do Supremo, é uma verdadeira ameaça à Democracia e um crime contra a Constituição, não disse nada a respeito, mesmo sendo ele oriundo do poder judiciário e como tal deveria ser representante da lei e ordem, da manutenção do Estado de Direito, e isso evidencia sua índole, pondo sob suspeita suas atitudes como juiz, como representante da lei, da sua imparcialidade que é inerente ao cargo e a aplicação da justiça em suas condenações.
Outro ponto que poderia ser explorado pelo tão bem intencionado ex-juiz era o fato de Bolsonaro querer armar a população para uma possível guerra civil, e deixou isso escancarado na reunião sem meias palavras, sem rodeios, e demonstrando o desrespeito à constituição brasileira, em mais um dos muitos crimes de responsabilidade que já incorreu.
Moro usou a reunião a seu propósito, e não a propósito do Brasil, considerando o grande número de crimes evidenciados em conjunto com todos os ministros e o presidente.
O que realmente assusta é a maneira como o poder executivo se reuni e trata dos nossos problemas, a maneira como se dirige aos outros poderes e aos outros governadores e prefeitos que tem uma visão diferente da sua.
Devemos entender, e todos deveriam, que a democracia é o regime onde há divergência de idéias, onde há respeito pelos poderes constituídos, e onde o poder emana do povo e para o povo deve ser exercido, não para poucos.
Assusta também um conjunto de ministros que são um colegiado onde a lei é desrespeitada a todo tempo, sem meias palavras, em reuniões abertas e gravadas. Ou não têm conhecimento das leis, ou pior que isso, são realmente mal intencionados.
Sérgio Moro podia ter prestado um verdadeiro serviço ao Brasil, denunciando a reunião como um todo, evidenciando os crimes praticados, demonstrando o desrespeito à Constituição, mas o seu papel foi simplesmente justificar sua saída, e insisto, já era sua intenção sair, mas queria sair não como traidor, mas como benfeitor ao Brasil. Suas acusações, no entanto, podem se voltar para si, já que não se evidencia a interferência na PF. Demonstrou dessa forma que as atitudes do governo como um todo não importavam, porque certamente outras reuniões houve e nesses termos, com esse time, outros crimes foram cometidos e ninguém em cargo público pode justificar desconhecimento da lei, quanto menos um juiz.
O Brasil, nem nos tempos de governo militar, esteve tão mal administrado. Nunca tivemos tantos com tão pouco a oferecer e a decadência é inevitável, o que preocupa é o que o futuro nos reserva, onde um país civilizado e pacífico vem se tornando celeiro de pensamentos armamentistas, onde em nome de uma política fascista, pouco importa a saúde e o bem estar das pessoas.
RAUL MARTINS