terça-feira, 23 de junho de 2020

Que Prêmio!!!

Que Prêmio!!!


Em qualquer realidade conhecida, de qualquer regime conhecido, de qualquer empresa conhecida, independentemente de capitalismo ou socialismo, uma premissa para que o funcionário se mantenha no emprego é a competência, além do esforço e a vontade de sempre fazer melhor. 

Numa empresa, principalmente no Brasil, onde o funcionário não seja capaz de desenvolver seu trabalho de forma adequada, não atendendo aos requisitos de qualidade e não mostrando resultados satisfatórios e em cargos de chefia, esse funcionário é sumariamente despedido, restando a ele procurar outro emprego.

No entanto, com o ex-ministro da educação aconteceu diferente.

É tido como o pior ministro que já assumiu essa pasta em toda história da República. Não desenvolveu nenhum trabalho voltado para a Educação, não apresentou nenhum projeto de inclusão social, ao contrário, em seu último ato revogou as cotas para negros, indígena e deficientes para os cursos de pós-graduação, não discutiu em sua essência a educação além de atacar outros poderes constituídos, atacou instituições e não fez nada além de uma política de ódio e preconceito frente ao ministério.

Foi exonerado em razão de fragilizar ainda mais a já então fragilizada relação entre os poderes Executivo e Judiciário. Ficou insustentável a sua manutenção frente ao ministério e assim, como todo funcionário incompetente, foi dispensado.

Naturalmente, o seu destino seria a fila para conseguir um novo emprego, em outra empresa, mas como estamos num Brasil estranhamente conduzido e com relações muito estranhas entre o presidente e seus asseclas, ele foi indicado para uma vaga de conselheiro no Banco Mundial, com um salário três vezes maior que o do próprio presidente. 

É possível entender?

Que relação é essa? Que poder é esse? Por que tanta proteção?

Eu entendo que todo trabalhador tem que ser valorizado pelo seu trabalho, entendo também que os trabalhadores é que fazem o país caminhar, não são os empresários, eles têm o capital, mas esse só cresce se houver consumo. A cadeia produtiva depende de todos, de uns mais, de outros menos, mas todos têm que ser competentes. Não há prêmio quando um empresário administra mal a sua empresa, não há prêmio quando o trabalhador é dispensado por incompetência ou por razões econômicas.

Um ministro dispensado por colocar em risco a segurança institucional, por incompetência e por políticas de ódio não poderia nunca ser indicado para um cargo internacional, para o Banco Mundial, até porque qual seria o seu papel nesse banco que foi criado para desenvolver políticas públicas buscando a inclusão social.

É um reacionário, preconceituoso e que não entende as necessidades sociais num banco de desenvolvimento de políticas sociais. É um desvio de função.

Espero sinceramente que os outros países que têm que aprovar o nome indicado, sejam melhor informados quanto ao pior ministro que o Brasil já teve e façam uma avaliação criteriosa a esse respeito. O Banco Mundial não merece, como o Ministério da Educação também não merecia. 

Que prêmio por ser ruim!!!  

domingo, 7 de junho de 2020

ATÉ QUANDO?


Novamente vem a tona um assunto que deveria ter ficado na história. Do lado triste da história!

De novo, e reiteradamente estamos discutindo o racismo. Não  como componente, insisto triste, histórico, mas por atos e ações de homens que acreditam que a cor da pele pode diminuir ou melhorar alguém. 

Cor da pele é somente cor da pele.

A cor da pele não diz quem você é. A cor da pele não te faz menos ou mais inteligente. Não te faz uma pessoa melhor ou pior que outra de pele diferente. A cor da pele não te faz uma pessoa mais ou menos empática, mais ou menos simpática. A cor da pele não te faz uma pessoa mais ou menos humana.

A diferença entre pessoas de cor de pele diferentes tem a ver com hereditariedade, geografia, genes, mas nunca tem a ver com inteligência, humanidade, capacidade, integridade, violência, preguiça, e por ai vai...

A diferença entre cor de peles, infelizmente tem sim determinado certos comportamentos atuais que deveriam ter ficado no passado. É inaceitável nos dias de hoje que tenhamos que discutir esse assunto, não como um fator histórico, mas porque tragédias humanas, com a ceifa da vidas de negros sem que tenham a chance de se defender, de se levantar e encarar a covardia dos que os oprime, e que sofrem, simplesmente porque são negros.

Não discuto aqui a culpa que qualquer negro tenha cometido e que tenha morrido em situações de explícito racismo, porque também entendo ser covardia justificar tais atos pelos crimes que supostamente cometeram, porque em situações em que brancos são abordados e identificados como autores de crimes, o tratamento é diferente.

Como estaria a mãe do menino que caiu do nono andar em Recife, se ela pobre, negra, tivesse tido tamanha irresponsabilidade como sua patroa e seu filho tivesse morrido em razão disso?

Como estariam os policiais que atiraram e mataram um menino de quatorze anos no Rio, se os policiais fossem negros e o menino fosse branco?

O que aconteceria se brancos fossem mortos por índios em emboscadas, como as que têm ceifadas vidas indígenas no nosso Brasil?

E não me venham com estatísticas também tentando justificar comportamentos, mostrando quantos negros cometem crimes, ou quantos estão presos. A discussão é muito mais profunda. Os maiores crimes e genocídios da história foram cometidos por brancos. As grandes guerras por poder e supremacia de raças, as cruzadas na idade média, a guerra civil americana, aqui a Guerra do Paraguai, e por aí vai.

A humanidade tem uma dívida histórica com os negros principalmente, mas também com os índios, os astecas, etc.

Os brancos entendem fazer do mundo o seu mundo, e pra isso mudam conceitos históricos como por exemplo mostrar um Jesus de olhos azuis, pele branca e cabelos lisos. Jesus não era europeu, nasceu no Continente Asiático, a leste e muito perto do Continente Africano. Não podemos afirmar qual era a cor de sua pele, nem a cor dos seus olhos, mas certamente não era ariano e vivia, convivia e protegia os mais pobres e todos os que mais precisavam, independentemente de cor da pele.

Julgar ou prejulgar alguém pela cor da sua pele, apesar de usual infelizmente, é a forma mais vil de olhar o outro, é não entender que todos, indistintamente, somo iguais. Nascemos, vivemos, sangramos e morremos da mesma forma.

É não entender por exemplo, que navios negreiros não iam à África capturar escravos, mas capturar homens e mulheres livres e daí torna-los escravos. É possível entender esse conceito? É possível se colocar no lugar de quem armado subjuga outro ser humano, em sua casa, em seu país, separando-o de sua história, de sua família somente porque é negro? É possível se colocar no lugar que foi subjugado?

Tudo isso aconteceu e deveria ter ficado no lado triste da história. Deveria ter servido pra aprendermos de como não agir. Deveria ter nos ensinado a humanidade, mas ainda hoje temos que nos levantar e protestar porque homens e mulheres estão sendo maltratados pela cor de sua pele e não somente sendo mortos violentamente, mas preteridos também na busca de oportunidades, de empregos, de educação e até sofrendo preconceito racial por aqueles que deveriam protege-los, como a Fundação Palmares criada para assistência e discussões em busca de um Brasil mais humano, onde a questão do Negro pudesse ser difundida e entendida por toda sociedade, e ao invés disso, temos uma entidade com desvio de função tendo um negro em sua direção. Nunca imaginaria uma situação tão violenta.

Até quando nos perguntamos? Até quando?

terça-feira, 2 de junho de 2020

Brasis!!!

Hoje ouvi, num comentário inocente e preocupado, que pessoas por causa da pandemia estão passando fome.

Entendo que a situação é preocupante, assusta boa parte da sociedade e principalmente as pessoas ignorantes, no bom sentido, que não conhecem as características dos povos do Brasil, não conhecem os nossos Brasis,

Existe hoje uma parcela da sociedade que realmente tem passado por dificuldades, que a pouco eram inexistentes ou que já existiram para eles em tempos passados, quando o Brasil não olhava para seus pobres, para seus povos, pra sua gente.

Não há que se negar as dificuldades, não há que se negar as preocupações, não há que se negar as incertezas, mas não podemos negar também que a nossa gente, que o povo brasileiro, e gente que muita gente não conhece, já passava fome antes da pandemia tomar conta do mundo.

Por falta de informação ou interesse, muitos conhecem somente o seu Brasil, seu espaço, e acredita que esse imenso país é de certa forma igual.

Há outros Brasis, Brasis de um mesmo Brasil, com realidades totalmente adversas do que vivemos,

Há brasileirinhos e brasileirinhas que hoje têm que entrar num barco ou andar vários quilômetros para chegar à escola, diferentemente de crianças de outros Brasis que não tem essa dificuldade.

Conheci comunidades em que senhoras passavam a tarde sentadas em suas varandas quebrando sementes de mamona para fazer sabão.

Há comunidades onde a economia funciona porque há bolsa família, não há trabalho para todos, nem empresas, mas empregos de sub-existência, em fazendas leiteiras onde poucos têm oportunidades de trabalho e renda.

Povos indígenas e quilombolas que lutam uma luta interminável por reconhecimento e respeito,

No Brasil há vários brasis, de vários povos, com várias realidade e com anseios e sonhos também diferentes. Enquanto alguns brasis a economia hoje assusta por uma realidade até então desconhecida, outros brasis continuam na mesma luta, onde pouco mudou porque por comida na mesa continua difícil, onde a educação não chega, onde cidades estão ficando velhas por falta de oportunidades para os jovens e onde o sentimento de estomago vazio toma lugar das alegrias e onde os sonhos se limitam em ter um teto, ter comida, ter educação.

"Tem gente passando fome!", é verdade, mas também é verdade que já havia muita gente passando fome, já havia gente preta sendo discriminada, mulheres sendo sofrendo violência e sendo violentadas, crianças e adolescentes sendo exploradas sexualmente e pobres sendo explorados.

A realidade que agora se avizinha, assusta, amedronta, esclarece. Mas quando tudo isso passar, essa realidade para muitos continuará sendo a sua realidade, porque ainda haverá vários brasis, esquecidos como sempre, discriminados como sempre onde só valem pelo voto, não pela vida, não pela dignidade, não pelo respeito.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Sérgio Moro e a Reunião Ministerial

No dia 22 de abril, na fatídica reunião de Bolsonaro e seus Ministros, pudemos ver a verdadeira face de um governo fascista e autoritário, que desrespeita a democracia, os bons costumes, a boa educação e que conseguiu se cercar de pessoas como ele, onde a os exemplos falam mais que palavras, e ministros parecem simples marionetes de um presidente insano e sem condições morais de governar um país como o Brasil.

Acredito que país nenhum no mundo tenha um governante com tantos maus exemplos a ensinar. Uma reunião que não poderá ser passada em escolas, porque o conteúdo é impróprio para menores. Uma pessoa vulgar, sem escrúpulos, despreparada, cercado de verdadeiros facínoras, onde pregar a prisão do supremo, venda de patrimônio nacional e mudar leis ambientais para privilegiar alguns poucos se tornou o mote da reunião e onde não houve discussão adulta sobre o combate a pandemia que batia à porta, com mais de 3000 mortes naquele momento.

O que há de dizer Damares dessa reunião? Não houve de sua parte nenhuma referência e como pode então falar bem de um governo, de um presidente que em suas falas, pouco se importou com a presença de uma mulher sentada à mesa, não que os homens ali merecessem tal linguajar, mas é perceptível o desrespeito e a falta de decoro.

Um presidente que parece não se importar com as conseqüências de suas palavras ou dá impressão de não saber se comportar como uma pessoa educada, que tenha conhecimento de um vocabulário composto de palavras capazes de atingir o coração das pessoas de bem, que queiram o bem. Um presidente que entende que seu tempo é passageiro e quer fazer o máximo de mudanças a seu favor e a favor dos seus, buscando os seus interesses, de sua família, onde o Brasil na verdade é o que menos importa. Um presidente que demonstra poder, mas que tem uma liderança frágil, que aos poucos vai-se diminuindo, em virtude de suas ações e palavras.

Mas voltando ao assunto principal: Sérgio Moro

Sérgio Moro não se sentiu ameaçado nessa reunião, mas esperava esse estopim que para alcançar seus  verdadeiros objetivos. O “paladino da justiça”, como muitos o vêem, fez acusações ao presidente nessa reunião dizendo que queria interferir na policia federal, o que pela exibição do vídeo não fica evidenciado, já que o presidente não usa as palavras “polícia federal” em sua fala, mas “sua segurança”. E por isso Moro também é investigado por calúnia.

Sérgio Moro usou dos mesmos mecanismos para acusar Bolsonaro que usou para condenar Lula, seu sentimento, mas nenhuma evidência real. Os objetivos de Moro são outros, não é o bem da Nação, não é a Manutenção do Estado de Direito, mas a sua ascensão política, exibindo para isso um presidente equivocado e despreparado em busca de se firmar na sociedade como uma opção futura.
Moro mostrou a face desse desgoverno para ascender e para isso buscou o caminho mais curto, ou que seria mais fácil de justificar sua saída tendo alcançado seu objetivo de ser referência ao mesmo tempo que se torna opção, e insisto, não pelo bem do Brasil, mas para si.
E porque digo isso?

Havia nessa reunião muitas evidencias de crimes. O fato do ministro da educação pedir a prisão dos integrantes do Supremo, é uma verdadeira ameaça à Democracia e um crime contra a Constituição, não disse nada a respeito, mesmo sendo ele oriundo do poder judiciário e como tal deveria ser representante da lei e ordem, da manutenção do Estado de Direito, e isso evidencia sua índole, pondo sob suspeita suas atitudes como juiz, como representante da lei, da sua imparcialidade que é inerente ao cargo e a aplicação da justiça em suas condenações.

Outro ponto que poderia ser explorado pelo tão bem intencionado ex-juiz era o fato de Bolsonaro querer armar a população para uma possível guerra civil, e deixou isso escancarado na reunião sem meias palavras, sem rodeios, e demonstrando o desrespeito à constituição brasileira, em mais um dos muitos crimes de responsabilidade que já incorreu.

Moro usou a reunião a seu propósito, e não a propósito do Brasil, considerando o grande número de crimes evidenciados em conjunto com todos os ministros e o presidente.

O que realmente assusta é a maneira como o poder executivo se reuni e trata dos nossos problemas, a maneira como se dirige aos outros poderes e aos outros governadores e prefeitos que tem uma visão diferente da sua.

Devemos entender, e todos deveriam, que a democracia é o regime onde há divergência de idéias, onde há respeito pelos poderes constituídos, e onde o poder emana do povo e para o povo deve ser exercido, não para poucos.
Assusta também um conjunto de ministros que são um colegiado onde a lei é desrespeitada a todo tempo, sem meias palavras, em reuniões abertas e gravadas. Ou não têm conhecimento das leis, ou pior que isso, são realmente mal intencionados.

Sérgio Moro podia ter prestado um verdadeiro serviço ao Brasil, denunciando a reunião como um todo, evidenciando os crimes praticados, demonstrando o desrespeito à Constituição, mas o seu papel foi simplesmente justificar sua saída, e insisto, já era sua intenção sair, mas queria sair não como traidor, mas como benfeitor ao Brasil. Suas acusações, no entanto, podem se voltar para si, já que não se evidencia a interferência na PF. Demonstrou dessa forma que as atitudes do governo como um todo não importavam, porque certamente outras reuniões houve e nesses termos, com esse time, outros crimes foram cometidos e ninguém em cargo público pode justificar desconhecimento da lei, quanto menos um juiz.

O Brasil, nem nos tempos de governo militar, esteve tão mal administrado. Nunca tivemos tantos com tão pouco a oferecer e a decadência é inevitável, o que preocupa é o que o futuro nos reserva, onde um país civilizado e pacífico vem se tornando celeiro de pensamentos armamentistas, onde em nome de uma política fascista, pouco importa a saúde e o bem estar das pessoas.

RAUL MARTINS